quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ponto de Situação #8 - Taxidermia Final

A criatura está oficialmente concluída (tirando alguns detalhes que possam vir a surgir, eventualmente). Aquilo por que tanto tenho trabalhado finalmente assumiu uma forma. Um tanto monstruosa, é verdade, mas bonita. O filho é sempre bonito aos olhos do pai. É verdade, sinto-me um jovem pai que não consegue conter o entusiasmo. Não posso dizer que tem "os olhos do papá" dado que ainda não tem olhos, mas vou tentar encontrar uns à medida. Não com a minha carga genética, pois essa já carrega dentro dela (sangue), mas com a carga emocional.

Esta segunda fase de taxidermia correu bastante bem. Tratou-se da costura. Em nada foi repugnante, ao contrário da primeira etapa da taxidermia final (corte e extracção do interior). As peles já não tem um cheiro tão intenso e já não foi necessário lidar com os órgãos internos (que por falar nisso ainda estão na "Arca de Noé" ... ups!).
Comecei por limpar as manchas na pele dos animais, com o auxílio de uma escova dos dentes velha e gasta. As escamas da truta tinham de saltar fora pois apodrecem muito facilmente, o que é de evitar. Seguidamente, uni a parte dianteira da iguana com a parte traseira da truta. Enchi o interior com desperdício de tecido, o tubo com o meu sangue e um pouco de anti-traça (mecanismo de defesa). Suturei o conjunto e Voilá! O resultado foi este. Espero que gostem.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ponto de Situação #7 - Recolha de Sangue

A recolha de sangue finalmente está concluída. Após uma tentativa fracassada de extrair sangue do meu corpo através de um corte de bisturi no braço (o que não foi muito inteligente, diga-se desde já!), consegui agora, com o auxílio da minha mãe e dos seus conhecimentos médicos, extrair sangue pelo método tradicional. Seringa e agulha.
Não sei como descrever a minha experiência de recolha de sangue, dado que não foi um caso único. Não foi a primeira vez que recolhi sangue e acabou por ser igual a todas as outras vezes.


fotograma: Henrique Serro

Só mudou a enfermeira (por uma médica que curiosamente era a minha mãe) e o cenário (que curiosamente era a cave lá de casa). Fora isso foi completamente normal. O garrote no braço. Uma pontada de dor mínima. O sangue a entrar na seringa. O algodão a estancar o orifício. Tudo normal.
Um pormenor positivo da recolha de sangue no local onde foi feito é o facto de não cheirar constantemente a éter como acontece em todos os Hospitais. Fico sonolento com o cheiro a éter e isso deixa-me desconfortável.


fotograma: Henrique Serro

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ponto de Situação #6 - Recolha de Sangue

Nesta mensagem irei descrever a tentativa de recolha de sangue.
Para começar, antes de qualquer outro assunto, era inteligente da minha parte admitir que fui um tanto estúpido por ter tentado retirar sangue de uma veia, no braço, com o auxílio do bisturi. Isto Porquê? É simples.
Quando se corta uma veia, não se tira sangue, ele simplesmente jorra. São conceitos distintos o de "retirar" e "deixar escorrer".
Tal não aconteceu graças à pancada de sobriedade que levei. De que proveniência? Não sei.
Ao cortar a veia do braço fui impelido a parar pelo desastre iminente. Senti, não pela dor mas por uma voz interior, que se o corte fosse um pouco mais fundo, poderia ter extrema dificuldade em estancar a ferida. Como tal decidi parar e pedir aos meus pais (que são médicos) que me retirem o pouco sangue que preciso. Eles acederam. Em sorteio ficou decidido que vai ser a minha mãe a fazê-lo.


foto: Francisco Lobo
Voltando um pouco atrás vou aqui tentar "justificar" as minhas motivações para recolher o sangue deste modo.
foto: Francisco Lobo
A primeira motivação foi o comodismo. Era interessante ir ao Hospital, por este reunir todas as condições para a recolha de sangue, mas é muito longe de casa.
A segunda motivação foi, caso corresse mal, a minha mãe não me negaria retirar sangue, para evitar que cortasse o braço novamente.
Por fim, não menos importante, esta acção ajudou o Francisco (colega de turma) no projecto dele.

foto: Henrique Serro